PIB sobe 1,4% no 2º tri: por que economia cresce, desemprego cai, mas percepção do brasileiro segue negativa?

  • 03/09/2024

PIB sobe 1,4% no 2º tri: por que economia cresce, desemprego cai, mas percepção do brasileiro segue negativa?

PIB sobe 1,4% no 2º tri: por que economia cresce, desemprego cai, mas percepção do brasileiro segue negativa?

Uma mulher de costas escolhendo legumes na seção de vegetais de um supermercado com outras pessoas passando ao fundo

A economia brasileira cresceu 1,4%no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3/9).

O resultado veio meio ponto percentual acima da expectativa dos economistas, que era de uma alta de 0,9% para o Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre.

Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o avanço foi de 3,3%.

Trata-se de mais um resultado positivo para a atividade econômica, após uma alta de 1% do PIB de janeiro a março, em relação ao trimestre anterior (o dado foi revisado, de 0,8% divulgado anteriormente).

Na semana passada, o IBGE também informou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho recuou para 6,8%, com 7,4 milhões de desocupados. Este é o menor nível de desemprego registrado para o período desde o início da série histórica do instituto, em 2012.

Segundo o boletim Focus do Banco Central, os analistas começaram o ano esperando um avanço de 1,6% para a economia este ano e, no levantamento mais recente (de 2/9), a mediana das projeções já estava em quase 2,5%.

Após a divulgação do PIB nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo deve elevar sua projeção para o crescimento da economia no ano, dos atuais 2,5%, para algo como 2,7% ou 2,8%, o que pode levar a uma projeção mais alta de receitas no Orçamento do próximo ano.

Essa melhora no desempenho da economia, no entanto, não parece estar chegando à percepção das pessoas.

A pesquisa AtlasIntel de avaliação do governo Luiz Inácio Lula da Silva mais recente (divulgada em 28/8) mostrou, por exemplo, que para 47% dos entrevistados a situação atual da economia é ruim, contra 33% que consideram boa. Outros 21% acham que a situação econômica está "normal".

O resultado é similar à pesquisa divulgada pela Genial Quaest em julho, que mostrou que para 36% dos entrevistados a economia do Brasil piorou nos últimos 12 meses, ante 28% que avaliam que melhorou e 32% que dizem que ficou igual.

Mas o que explica essa discrepância entre os dados e a percepção da população? Conversamos com três economistas e um cientista político sobre isso.

Destaques do PIB do 2º trimestre

Na ponta da oferta, os destaques do PIB do segundo trimestre foram as altas do setor de serviços (1%) e da indústria (1,8%), enquanto a agropecuária registrou queda de 2,3%, sempre em relação ao trimestre anterior.

Já na ponta da demanda, as maiores altas ficaram por conta do investimento (2,1%) e do consumo das famílias (1,3%), enquanto o consumo do governo cresceu 1,3%.

No setor externo, a alta das importações (7,6%) superou a das exportações (1,4%), também um sinal da demanda interna aquecida.

Caminhões novos no pátio da Mercedes-Benz do Brasil em São Bernardo do Campo

Crédito,Rovena Rosa/Agência Brasil

Legenda da foto,A retomada na produção de caminhões, após queda em 2023 devido a uma mudança regulatória, é um das fatores por trás da melhora do investimento

Para Rodolfo Margato, vice-presidente de pesquisa econômica da XP Investimentos, o mercado de trabalho aquecido – com desemprego em baixa e renda em alta – é o principal motivo por trás do bom desempenho do setor de serviços e do consumo das famílias no segundo trimestre.

"Eu também destacaria a recuperação do mercado de crédito, com um aumento das concessões de crédito tanto para pessoas físicas, quanto para pessoas jurídicas, além de um recuo, ainda que moderado, do comprometimento de renda das famílias com serviços da dívida", diz o economista.

A melhora das condições de crédito também contribuiu para a retomada dos investimentos em ativos fixos, que caíram 3% no ano de 2023, mas avançaram 3,8%no primeiro trimestre e voltaram a crescer de abril a junho.

"Além da melhora do crédito, essa recuperação do investimento se deve também a uma recuperação da fabricação de caminhões, que por questões regulatórias havia contraído bastante ano passado."

Em 2023, a produção de caminhões despencou quase 40%, em meio à migração do setor para um padrão de motor menos poluente (o Euro 6), mas mais caro. Diante da perspectiva da mudança, o mercado antecipou compras em 2022, o que elevou fortemente a produção naquele ano, derrubando no seguinte.

Além da produção de caminhões, a construção civil – puxada pelo mercado imobiliário e por obras de infraestrutura dos governos regionais – também contribuiu para o bom desempenho do investimento no trimestre, observa Margato.

Já a queda no agro vem depois de uma alta de 11,1% de janeiro a março (o dado foi revisado de 5,9% divulgados antes) e reflete em grande medida a sazonalidade do setor, que costuma concentrar a maior parte de sua produção no primeiro trimestre.


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